Sunday 7 November 2010

O Cogumelo do Espaço

Em 'O Revivalismo Arcaico', Terence McKenna (entre outras tantas teorias) explicita uma de que hoje vou falar. Um ávido explorador no campo das 'drogas' psicodélicas e alucinógenas, McKenna fala de que, numa das suas 'viagens' sob o efeito de psilocibina, teve uma espécie de diálogo com uma suposta inteligência contida no cogumelo Psylocibe cubensis.

Sim, leram bem, inteligência no cogumelo. E sim, diálogo. Loucura? Veremos mais à frente. Continuemos. Nessa viagem, McKenna fica a saber (pela inteligência no cogumelo) que esse mesmo teve origem extraterrestre. Uma idéia facilmente descrita como louca, mas não aconteceu a mesma coisa a Charles Darwin? Ainda mais, McKenna apresenta razões plausíveis para sua teoria.

Para McKenna, o cogumelo Psylocibe cubensis se trata de um simbiote que procura cria uma relação de profundidade com a raça humana. O cogumelo sempre foi visto como uma parte saudável da alimentação humana, até sua demonização pela Igreja Católica. Não por acaso, obviamente. Descobrindo a Santa Sé a existência de um cogumelo no Novo Mundo a quem os nativos chamavam teonanacatl (carne dos deuses) ela se apressou a demonizá-lo o mais que pudesse. Senão vejamos, que há de mais ameaçador para os comandantes de uma organização religiosa que uma substância que lhes retira a importância, uma substância que permite um contato imediato com uma entidade a quem alguns chamariam "Deus"? Decerto sua posição hipócrita, de intermediários entre os homens e Deus, cairia por terra.

Uma das sustentações que McKenna apresenta para sua teoria se prende com o fato de não existir qualquer registo de fungos fossilizados com idades superiores a 40 milhões de anos. A explicação mais ortodoxa defende que isso acontece pelo fato do cogumelo possuir um corpo suave que não ajuda a fossilização. Mas como se explica o fato de se encontrarem fósseis de larvas - que também possuem corpos moles - com mais de um bilhão de anos?

McKenna não defende que aquilo que o cogumelo lhe 'diz' seja a verdade, o que quer que isso seja. Terence não pode se descreve como um cientista, antes um explorador, o equivalente de um Sócrates ou Platão. Quando, em transe, o cogumelo lhe disse que se tratava de um extraterrestre, ele ficou sem compreender se o extraterrestre 'é' de fato o cogumelo em si ou este funciona apenas como um transmissor inter-espécies para contatar outras inteligências do Universo.

Nos anos setenta e oitenta tudo isso que McKenna falou não passou dessa conotação mesmo - loucura. Ainda assim, ao ler seus escritos, não consigo deixar de ter um certo fascínio e otimismo de que grande parte de suas idéias (mesmo o Apocalipse) se venham a concretizar. E daí encontro o seguinte vídeo no Ted Talks. Paul Stamets, um micólogo estadunidense que vem alertando para os potenciais usos dos cogumelos, até hoje ignorados. Tudo aquilo que McKenna fala, Paul Stamets explica numa linguagem própria de um cientista. O cogumelo parece ser bastante mais do que aparenta.

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