Friday 12 November 2010

O Modelo de 8 Circuitos da Inteligência Humana- Parte I

Segundo Robert Anton Wilson e Timothy Leary, retirado de Gatilho Cósmico:

"Para que entendamos o espaço neurológico, Timothy Leary nos diz que o sistema nervoso humano consiste de oito circuitos potenciais.

I. O Circuito de Bio-Sobrevivência. Este cérebro invertebrado se tratou do primeiro a evoluir (2 a 3 bilhões de anos atrás) e se activa pela primeira vez quando a criança humana nasce. Ele programa a perceção para reações de positivas a coisas de alimentação-ajuda e negativas a coisas nocivas-perigosas. A impressão deste circuito cria a atitude básica de verdade ou suspeição que dura para o resto da vida. Também identifica qualquer estímulo externo, que criará uma reação ora de aproximação ou fuga.

II. O Circuito Emocional. Este segundo bio-computador, mais avançado, se formou quando apareceram os primeiros vertebrados e começaram a competir por território. No indivíduo, este grande túnel-de-realidade se activa quando o DNA despoleta a metamorfose de gatinhar para caminhar. Como todos os pais têm conhecimento, a criança que começa a andar deixa sua atitude passiva (de bio-sobrevivência) para se tornar num político mamífero, repleto de exigências territoriais físicas e psíquicas, que rapidamente influenciam o negócio familiar e decisões. De novo, a primeira impressão desse circuito permanece constante por toda a vida e identifica o estímulo que irá despoletar automaticamente um comportamento dominante, agressivo, submissivo ou cooperante. Quando dizemos que uma pessoa se comporta emocionalmente, de modo egoísta ou como "um menino de dois anos," queremos dizer que ele/ela se encontra seguindo cegamente um dos túneis-de-realidade impressos neste circuito.

III. O Circuito de Destreza e Simbolismo. Este terceiro cérebro se formou quando os vários tipos de hominídeo se começaram a diferenciar de outros primatas e se activa quando a criança mais velha começa a lidar com artefatos e enviando/recebendo sinais da laringe (unidades de discurso humano). Se o seu ambiente for estimulante para o terceiro circuito, a criança recebe uma impressão "esperta" e se torna habilidosa e articulada; Se o ambiente estiver repleto de pessoas "estúpidas", a criança recebe uma impressão "estúpida", ou seja, permanece mais ou menos num estado de como se tivesse cinco anos, desajeitada com artefatos e cega na leitura de símbolos.

Em termos evolutivos, a "consciência" do primeiro cérebro se define como basicamente invertebrada, flutuando passivamente na direção de alimento e recuando perante qualquer perigo. O segundo cérebro, "ego", se classifica de mamífero, sempre lutando por estatuto na ordem da tribo onde vive. O terceiro cérebro, "mente", tem origem paleolítica. Tem tendência para se viciar na cultura humana e lidar com a vida através de uma matriz de ferramentas e simbolismo criado por humanos. O quarto cérebro se deve classificar como pós-hominídeo, especificamente caraterístico do Homo Sapiens:

IV. O Circuito Sócio-Sexual. Este quarto cérebro se formou quando bandos de hominídeos evoluíram para sociedades e programaram papéis sexuais específicos para seus membros. Este circuito fica activo na puberdade, quando os sinais de DNA despoletam uma libertação de neuroquímicos sexuais e a metamorfose para o estado adulto se inicia. Os primeiros orgasmos ou experiências de acasalamento imprimem um papel sexual caraterístico que, de novo, se encontra ligado bioquimicamente e permanece constante por toda vida, a não ser que se consiga alguma forma de lavagem cerebral ou re-impressão química.
Em discurso corrente, as impressões e túneis-de-realidade do quarto circuito ficaram conhecidos como "personalidade adulta."

Normalmente estes quatro circuitos são todos os que o cérebro alguma vez vai ativar. Isso acontece por uma razão - Leary lhes chama "terrestres". Eles evoluíram e têm sido formados por condições gravitacionais, climáticas e energéticas, que determinam sobrevivência e reprodução neste tipo de planeta que orbita este tipo específico de estrela.

Organismos inteligentes nascidos no espaço, que não vivam num poço de gravidade, que não entrem em competição por território numa superfície planetária finita, não limitados pelos parâmetros de vida terrestre frente-trás, cima-baixo ou direita-esquerda, iriam inevitavelmente desenvolver circuitos diferentes, imprimidos de diferente forma, não tão inflexivemente Euclidianos.

Frente-trás se trata da escolha digital básica programada pelo bio-computador operando no Circuito I: Avançar, ir à frente, cheirar, tocar, provar, morder - ou retirar, se afastar, fugir, escapar.

Cima-baixo, o sentido gravitacional básico, aparece em todos os relatórios etológicos de combate animal. Inchar o corpo para o tamanho máximo, grunhir, uivar, guinchar - ou se tornar servil, murmurar suavemente, se esconder, gatinhar e diminur o tamanho corporal. Esses sinais de dominação e submissão acontecem também na iguana, cão, pássaro e gerente do banco local. Esses reflexos fazem o circuito II "ego".

Direita-esquerda deve se ver como algo básico à polaridade do desenho-corporal na superfície planetária. Domínio da mão direita, e preferência associada com as funções lineares do lobo esquerdo do cérebro, determinam nossos modos normais de manufatura de artefatos e pensamento concetual, ou seja, a "mente" do terceiro circuito.

Uma vez que cada um desses túneis-de-realidade consiste de impressões bioquímicas ou matrizes no sistema nervoso, cada um delespode ser especificamente despoletado por neuro-transmissores ou outras drogas.

  • Para ativar o primeiro cérebro tome um opiáceo. A mãe ópio e irmã morfina o levam de volta à inteligência celular, passividade bio-sobrevivente, à consciência flutuante do recém-nascido. (Por isso Freudianos relacionam a viciação em ópio com o desejo de voltar à infância);
  • Para ativar o segundo túnel-de-realidade tome uma quantidade abundante de álcool. Os padrões territoriais dos vertebrados e as políticas emocionais tipicamente mamíferas aparecerão quando o álcool lhe "subir à cabeça". De resto, como Thomas Nashe compreendeu ao adjetivar os vários estados alcoólicos com nomes de animais: "bebâdo burro", "bêbado urso","bêbado porco" etc;
  • Para ativar o terceiro circuito tente café ou chá, uma dieta elevada em proteínas, cocaína ou speed;
  • O neurotransmissor específico para o circuito número quatro ainda não se encontra sintetizado, mas é gerado pelas glândulas depois da puberdade e flui vulcanicamente através das veias dos adolescentes.
Nenhuma dessas drogas terrestres mudam impressões bioquímicas básicas.

Mas todo este robotismo pavloviano-skinneriano muda drástica e dramaticamente quando ligamos o lobo direito, os circuitos futuros e químicos extraterrestres.


V. O Circuito Neurosomático. Quando este quinto "cérebro-corpo" se ativa, todas as configurações Euclideanas explodem multi-dimensionalmente. Os Gestalts mudam, em terminologia de McLuhan, de espaço visual linear para um espaço sensorial. Uma ligação hedônica ocorre, um divertimento arrebatador, um distanciamento do mecanismo previamente compulsivo dos primeiros quatro circuitos. Eu liguei este circuito com maconha e tantra.

A abertura e impressão deste circuito tem sido uma das preocupações dos "técnicos do oculto" - xamãs tântricos e hatha yogis. Enquanto o quinto túnel-de-realidade pode ser atingido por privação sensorial, isolação social, estresse fisiológico ou choque severo, tem sido tradicionalmente reservado à aristocracia educada de sociedades que já resolveram os primeiros quatro problemas de sobrevivência terrestres.

Não se trata porventura de um acidente o fato de o maconheiro, em inglês, definir seu estado como "high" (alto) ou "spaced-out" (fora, no espaço). A transcendência das orientações planetárias - gravitacional, digital, linear ou aristotélica, newtoniana e euclideana (circuitos I-IV) - se trata de, numa perspetiva evolutiva, parte de nossa preparação neurológica para a inevitável migração do nosso planeta atual , começando já. Por isso muitos maconheiros também adoram Star Trek e se vêem como amantes de Ficção-Científica.


VI. O Circuito Neuro-elétrico. O sexto cérebro consiste do sistema nervoso se tornando consciente de si mesmo à parte dos mapas-de-realidade gravitacionais imprimidos (circuitos I-IV) e mesmo à parte da fuga-corporal (circuito V). Alfred Korzybski, o semanticista, chamou este estado "consciência da abstração". O doutor John Lilly chama isso de "metaprogramação", ou seja, consciência da programação de seus próprios programas. Este circuito reconhece, por exemplo, que os mapas-de-realidade aristotélicos, euclideanos ou newtonianos se tratam apenas de três entre bilhões de possíveis programas ou modelos para a experiência humana.

- Este circuito pode ser ligado com peyote, LSD e os metaprogramas de mágicka de Crowley.

Não existe ainda um químico disponível que ative especificamente o sexto circuito, mas psicodélicos fortes como a mescalina e psilocibina abrem o sistema nervoso a uma série de canais de Circuito V e VI. Se dá apropriadamente o nome "tripping" em inglês, que significa "viajando", que se distingue dos nomes do circuito V, "turning on" (se ligando) ou "getting high" (subindo no alto).

A supressão da pesquisa científica nesta área teve como infeliz resultado a criminalização da cultura das drogas, retornando as pessoas ao hedonismo do quinto circuito e túneis-de-realidade pré-científicos. Sem suficiente disciplina e metodologia, poucos podem com sucesso descodificar os normalmente assustadores signais metaprogramadores do circuito número seis. Os cientistas que continuam a estudar esse assunto não se atrevem a publicar seus resultados (ilegais) e discutem esses túneis-de-realidade cada vez mais vastos apenas em conversas privadas - como os cientistas da Era Inquisitorial."

Continua no próximo post.


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