Thursday 12 August 2010

"Nothing Ends That Isn't Something Else Starting"

2012. Talvez reconheça o número, do título de um filme com John Cusack, que contém explosões, catástrofes e merdas do gênero. Mas nada tenho contra explosões e catástrofes, ambas têm seus méritos, só que nada têm a ver com o que aqui venho escrever hoje.

Gatilho Cósmico, de Robert Anton Wilson (RAW), será abordado mais detalhadamente neste blog. Ainda que não me pareça brilhante e objectivo enquanto livro, vale sobretudo pelo manancial de idéias que contém, e pela forma como Wilson mostra ao leitor a outra face de assuntos que a sociedade moderna tenta ignorar. 

Uma dessas idéias expostas por RAW se trata de uma tese de Terence McKenna e seu irmão Dennis J. McKenna no livro The Invisible Landscape - A Paisagem Invisível. Como não tive ainda oportunidade de ler ainda o livro de Terence e seu irmão, deixarei aqui a descrição geral da tese, apresentada de forma simples por RAW em Gatilho Cósmico.

Tudo isso parece ter por base a Lei da Aceleração. Henry Adams, em cerca de 1890, se terá convencido de que a tecnologia se encontrava seguindo uma lei geométrica ou exponencial. Ou seja, avanços básicos não seguiriam uma sequência linear como:

2   4   6   8   10   12   14   16

Mas antes uma sequência exponencial como essa:

2   4   8   16   32   64   128   255   etcetera

Terence McKenna parece então fazer referência a essa tese no seu A Paisagem Invisível.

Resumindo, os McKenna interpretam nosso universo como um holograma, criado pela interação de dois universos (se lembre de isso em Os Invisíveis), tal como um holograma comum se cria através da interação de dois lasers. Uma consequência desse modelo consiste em que, se nosso universo for interpretado como um holograma, cada parte contém informação referente ao seu todo, à semelhança do que acontece na holografia comum.

Na teoria de McKenna, como explica RAW, existem 64 escalas temporais no holograma do universo. E cada uma delas, dizem, se encontra relacionada com um dos 64 (8x8) hexagramas do I Ching. Aquilo que chamamos de "mente" ou "consciência" se trata de uma mera forma de onda estática nesses 64 sistemas temporais.

À medida  que os dois hiper-universos fabricantes do holograma interagem no tempo, essa mesma "mente" se manifesta no nosso continuum. Isso significa, em termos físicos concretos, que as ligações quânticas do DNA se encontram desenvolvendo cada vez mais rápido. Nos encontramos assim caminhando não em uma mas em 64 ondas evolucionárias que apontam na direção de um Acordar Cósmico. Algo semelhante ao Ponto Omega sugerido pelo paleontólogo Teilhard de Chardin.

Então vamos à questão importante: quando irão essas 64 escalas temporais dos McKenna atingir seu expoente?
Os McKenna programaram um computador com seus 64 sistemas temporais do I Ching e a resposta é que tudo isso fará jackpot algures em 2012.

Mas o cenário dos McKenna parece bem mais dramático que as acelerações exponenciais propostas por Henry Adams, Korzybski, Fuller, Toffler e até Leary. Porque segundo a teoria dos irmãos McKenna, todas as 64 escalas chegam ao seu expoente no mesmo instante. Ou seja, segundo eles explicam:
    - Um ciclo de 4300 anos desde a urbanização até a chegada da ciência moderna;
    - Um ciclo de 384 anos em que a ciência traz mais transformações do que no ciclo anterior de 4300 anos;
    - Um ciclo de 67 anos (desde 1940 até seu expoente, em 2012) em que existirá mais aceleração do que houve entre Galileu e Hiroshima;
    - Um ciclo de 384dias em 2011-2012 em que existirão mais transformações do que em todos os ciclos anteriores;
    - Um ciclo final de seis dias em que as coisas se irão mover a uma escala ainda maior, e assim sucessivamente, até ao grande clímax, no qual, eles dizem,

  Nos últimos 135 minutos, 18 barreiras serão ultrapassadas.

Ou seja, nas últimas duas horas antes do expoente, iremos adquirir mais 18 extensões de consciência e poder, cada uma comparável à passagem do mar para terra e da Terra para o Espaço.

A linguagem será um dos assuntos mais importantes neste blog. O filme de Roland Emmerich, 2012, mostra de fato um cenário de proporções apocalípticas. O problema está na palavra que lhe dá origem, Apocalipse. Porque essa noção de apocalipse como evento catastrófico apareceu recentemente, não terá mais de 100 anos. A verdadeira e primeira origem etimológica da palavra 'apocalipse' significa literalmente 'revelação'. Tem origem no grego apokálupsis, um derivado do verbo apokalúptein, que significa 'descobrir, revelar'. 

Esse apocalipse descrito pelos McKenna se encontra assim bem longe da imbecil interpretação da máquina de Hollywood. Apocalipse deve se entender como uma revelação ou descoberta de algo que até então permanecia na escuridão, ignorado. O darwinismo pode assim se adjetivar com uma idéia apocalíptica, porque colocou de joelhos uma espécie de macacos nus que se julgavam (e muitos ainda se julgam) criações divinas. A você, leitor do blog que já leu Os Invisíveis, deve reconhecer as semelhanças entre o apocalipse de McKenna e o final da HQ de Grant Morrison.

Esboçando um sorriso otimista, fico à espera desse apocalipse. Não só fico à espera como pretendo participar nele activamente.





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